UTOPIA

Com o calor me expulsando da frente do computador, o único lugar onde buscar refúgio foi lá no Porcão, com a garganta seca, comecei a sentir os efeitos, precisava tomar uma gelada.
Olhei em volta, o Caixa Preta ainda não tinha chegado, mas tinha avisado que estava a caminho, parece que tinha novidades pra contar.
O carinhoso Galak já tinha me dado as boas vindas,pra demonstrar gritou no meu ouvido,chutou duas vezes minha cadeira,tentei me acalmar.
Com a chegada do velho Caixa, minha atenção passou a ser as novidades que ele tinha pra contar sobre o nosso quadrado, onde cada dia os delírios aumentam, nos grupos de What’sApp a coisa tá feia.
Pior está lá na Faixa de Gaza, agora vivendo uma rotina constante de bombardeios, tiroteios diários, não poupam ninguém, uma violência sem limites.
De acordo com as observações do velho Caixa, os cariocas acham que uma vida tranquila assim é quase uma utopia.
Ele disse que andou olhando o que tinha de interessante nos grupos, apenas aquele pessoal que andou pegando sol na moleira estava se manifestando, alguns desenterravam defuntos pra ver se as mentiras colam nas próximas eleições.

As mentiras diárias nas redes sociais castigam a população sem dó, parece que estamos no paraíso da enrolação, mas como descendentes de Adão e Eva, estamos prestes a ser expulso do Éden e jogados no meio de alguma guerra, onde os buracos não comem o asfalto, a dinheirama gasta por aqui sem que sirva realmente aos contribuintes, que a muito esperam alguma mudança, pra melhor é claro, mas só escuta blá,blá,blá.
As cifras são astronômicas, as toneladas de asfalto daria pra asfaltar até a faixa de Gaza, fazendo um corredor humanitário pra turma escapar da guerra.
Calçadas, que com toda certeza terão que entrar em algum roteiro turístico para terem alguma utilidade, pois onde realmente precisa a coisa está de mal a pior, a buracaiada toma conta de ruas e vielas.
O pior é ouvir um bando de puxas sacos aplaudindo o que não acontece, a famosa solução pra tudo, que na verdade é nada.
Abre o olho Guará!