REMINISCÊNCIAS

 

Sentados na sala, sem ter o que fazer, resolveram rememorar fatos da vida:
- Nestes 60 anos de casamento eu te trai apenas 03 vezes - desabafa a velhinha.
- Mas foi por amor a você e posso explicar.
- Como? Retruca o velhinho.
A velhinha balançando a cadeira começa a explicar:
- A primeira vez, você lembra quando a gente era recém - casados, e você reclamava muito do teu emprego, você gostava muito do emprego mais estava ganhando pouco, não estava dando pra mobiliar a casa?
- Lembro - responde o velhinho.
- Você lembra que em um determinado dia o teu patrão te chamou e te deu um aumento de salário bem grande?
- Lembro - responde o velhinho.
- Então! Eu fui até teu emprego, expliquei nossa situação para teu patrão, mas tive que transar com ele.
- E a segunda vez? Perguntou o velhinho.
- Você se lembra daquela vez que você estava muito doente? Mas, muito doente mesmo? e tinha que ser operado urgentemente?
- Ah!!! Me lembro.
- Você se lembra que tinha uma fila de espera muito grande, e se você fosse esperar morreria?
- Lembro - responde o velhinho.

ESTRANHOS COSTUMES

Quando chega o final do ano, começam as famosas discussões sobre a cor da cueca ou calcinha devemos usar para que os bons fluídos nos atinjam em cheio.
Depois de muito pensar cheguei a conclusão que essa besteirada já cansou, prometo não me preocupar com esses infames detalhes, cansei.
Já tomei uma decisão, não usarei cueca esse ano, vou fazer uma mudança radical, pois nos anos anteriores caprichei e nada aconteceu.
Depois de consultar videntes, cartomantes, pais de santo, a igreja católica, cheguei a escrever pro Papa cumprimentando-o sobre a seleção Argentina, aproveitei o ensejo e perguntei sobre o tal costume, cada um com uma opinião diferente sobre o assunto.
Radicalizei, agora é tudo ou nada! Não vou mais me preocupar com essas besteiras, confesso que já pensei até em ficar nu na passagem do ano, mas fui aconselhado a não fazê-lo, pois poderia ser preso por atentado ao pudor ao mostrar esse meu corpo de Adônis da terceira idade.
Cheguei a conclusão que tudo não passa de antigas superstições, que nos passaram  através dos tempos, como gostamos de nos apegar a essas crenças, adotamos sem pestanejar, e agora fazem partes das nossas maluquices cotidianas.

ESTATÍSTICA

Como sempre as nossas conversas sempre terminam naquela cerveja gelada lá no Porcão, sentindo aquela gostosa catinga de gordura velha filtrada na palha de aço, aquele cachorro me olhando com más intenções babando pelos cantos da boca, doido pra me tascar uma bela mordida, pensei com meus botões vou ficar de olho pra não ser surpreendido.
O Galak com cara de poucos amigos nos recebe com aquela doçura de sempre, entre um palavrão e outro nos traz o cardápio.
Al-Qaeda no fogão preparava a nossa gororoba de cada dia, senti um frio no estômago, confesso que já estava arrependido o dia nada prometia de bom, mas estava querendo ouvir alguma história do Caixa Preta, que sempre tem uma boa pra contar.
Desempregado, sim, desempregado essa era a situação do velho Caixa, vi logo que teria de pagar a conta, rezei para ele não querer encher a cara para não ir a bancarrota de uma vez, pois a situação não está muito boa.

Resolveu então contar como tinha perdido o emprego, diz ele que notou que o seu contracheque estava meio fraco por causa de um desconto indevido segundo ele, foi tomar satisfação com o chefe, já chegou pagando pra ver, jogou o dinheiro em cima da mesa e gritou: - Que história é essa de descontar quinhentos reais no meu salário ?
O chefe calmamente lhe respondeu: - Mês passado mandei colocar quinhentos reais a mais e você não reclamou.
Na cara de pau ele respondeu: - Tudo bem, um erro eu até aceito, mas errar duas vezes é demais.
Foi jogado no olho da rua, agora faz parte da estatística de desempregados. 

UM LINDO DIA NA VIZINHANÇA

SINOPSE
Não recomendado para menores de 12 anos

Fred Rogers (Tom Hanks) foi o criador do Mister Rogers' Neighborhood, um programa infantil de TV muito popular na década de 1960, nos Estados Unidos. Em 1998, Tom Junod (Matthew Rhys), até então um cínico jornalista investigativo, aceitou escrever o perfil de Rogers para a revista Esquire.

MERCADO

Sentados lá no Porcão, eu e o Caixa Preta batíamos um papo, passei a observar o cabra que nunca deixa nada passar batido, o assunto agora era o famigerado mercado.
Foi quando do nada resolveu dissertar sobre o assunto, fiquei impressionado com a veia economista do velho Caixa, fiquei só escutando. 
Segundo suas observações ele já cansou de viver respeitando o teto do minguado salário o que acaba prejudicando o lado social.
Por isso, resolveu editar uma Pec por conta própria, exclusiva, onde o único beneficiário seria ele, a tal Pec o permitiria gastar até 30% a mais do que ele ganha.
Mas parece que a coisa foi por água abaixo, pois o mercado é muito cruel e não perdoa pobre quebrado.

PENUMBRA

Tento escrever o artigo da semana, uma algazarra vindo de um quiosque próximo me tira completamente a minha já prejudicada concentração.
Todos esquecidos dos graves problemas que estamos enfrentando em todas as partes do país, mas o povão anestesiado, fica em frente a TV babando torcendo por uma equipe de futebol que não nos representa, nem liga para os problemas que enfrentamos por aqui.
Como exemplo bem claro temos o de um moleque imbecilizado por propagandas com armas, tentando causar, copiando o que existe de pior no mundo, tirou a vida de pessoas inocentes numa cidade do interior de Santa Catarina, sonhos foram desfeitos.
Conversando com o meu amigo Caixa Preta, deixei bem claro que não é tornozelo de jogador de futebol que me preocupa, mas a situação do Guará, que está me deixando de cabelos em pé as coisas estranhas que acontecem no nosso quadrado.
Muita coisa acontecendo, nada sem uma solução a curto prazo, continuamos patinando, as perspectivas não são das melhores.

MOSTRANDO A CARA

Agora que a seleção foi finalmente desclassificada, a pátria de chuteiras voltou a calçar ferraduras, tudo normal.
Enlouquecidos tentaram aprontar por aqui, mas são tão burros que nem pra tocar terror os milicianos importados servem, apenas mostraram que comeram alfafa estragada.
Tocaram fogo em bens públicos, incendiaram carros deixando um bocado de gente no prejuízo,ônibus foram estrategicamente colocados em alguns pontos, apenas para gerar imagens para TV, nada que causasse realmente impacto.
Apenas mostrou que Brasília é muito bem povoada de imbecis que vivem fora da realidade, mostrando ao mundo que somos uma verdadeira República de Bananas, ninguém foi preso para surpresa de todos, que trabalham, cumprem a lei e pagam seus tributos em dia, um verdadeiro deboche.

CRIME PERFEITO

O Caixa Preta resolveu contar os casos do Portuga que faz parte de um extenso repertório, de vez em quando o cabra resolve me contar uma, me divirto pra caramba, aproveito nas minhas crônicas algumas.
A última que o velho Caixa me contou ainda estou rindo, só com os irmãos de além-mar isso é possível, mas essa foi de lascar.
Muito compenetrado, o Portuga estava assistindo ao Jornal Nacional ainda com o saudoso Cid Moreira, com aquela voz que parecia que vinha das catacumbas do faraó.
Muito sério contava o caso de um cara que tinha matado a sogra e a enterrou no chão da sala, onde depois de mais de 30 anos foi que descobriram.
O gajo que não era muito chegado na megera da sogra, foi logo pensando em se livrar da sogra e enterrar na sala, como fizera o cara da reportagem.
Pois quando descobrissem estaria provavelmente morto, pois passara dos 60 anos com mais uns 30 anos pra descobrirem, ele não correria o risco de ser preso pois estaria morto.

INVADIU É SEU

Resolvi dar uma volta no Calçadão da Vergonha, esperava  encontrar o Caixa Preta para que ele me contasse algum caso, estava sem muita inspiração, o jeito foi procurar o velho Caixa que como sempre estava indignado com alguma coisa.
Minha barriga roncava, estava na hora do almoço e resolvemos almoçar no Porcão, calma eu explico, não estamos nadando em dinheiro, o Porcão a que me refiro é um quiosque que tem por aqui, um dos mais afamados copo sujo, cujo dono não é muito chegado em limpeza, o principal garçom, o doce Galak, um poço de ternura nos trata sempre com carinhosos coices.
Aquela catinga vindo da cozinha, já dava sinal que Al-Qaeda estava aproveitando os restos da semana passada, aprontava para a freguesia faminta.
Pedimos um prato sem mosca, colocaram imediatamente um mosquiteiro para evitar que os pratos fossem levados da mesa pelo batalhão de moscas revoltadas.
Com isso evitamos ter que fazer exercícios durante o almoço, abanando sem parar para evitar a invasão, assim podemos conversar calmamente.
Mas o assunto girou em torno dos puxadinhos que comerciantes teimam em construir ao arrepio da lei, tem uns aqui  que tiram qualquer transeunte do sério.

ANÁLOGO Á ESCRAVIDÃO

Copiosas lágrimas escorrem pelo meu rosto, tive que me controlar, aos gritos clamei aos céus: Meu Deus, que país é esse em que vivemos? 
Revoltado e incrédulo com o que estava acontecendo, custei muito a crer com a triste notícia onde um pobre senador do Espírito Santo, vivendo em uma situação análoga a escravidão, sofrendo uma grande injustiça e humilhação, com um salário miserê de apenas R$ 33.700,00, isso sem contar benefícios como o auxílio-alimentação, moradia, transporte e plano de saúde, é de cortar o coração. 
Até os gastos de R$ 20.000,00 que tinha com cartão de crédito vai ter que cortar, pois está com um saldo negativo de R$ 1,3 mil, com pagamentos agendados de R$28,3 mil, que coisa mais triste. 
Como pode um ser humano suportar tamanha humilhação, a Organização das Nações Unidas - ONU tem que tomar conhecimento dessa mancha nos direitos humanos aqui no país.
Estou em lágrimas ao ver a declaração desse pobre senador, pois ninguém consegue acreditar como ele pode passar o mês com esse salário de fome que recebe, enquanto o povo se esbalda com um nababesco salário-mínimo de R$ 1.212,00.

ATAQUE DE DEMÊNCIA

No domingo todo mundo gosta de postar as comidas dos restaurantes famosos que pensam em frequentar, outros preferem fazer fotos da casa de amigos onde fazem algum churrascão, regado a muita bebida ou outro tipo de evento.
Pelos menos na fotografia fica uma beleza, o Caixa Preta estava na Feira do Guará resolveu postar o que está comendo agora, que ele batizou de: Buchadê de Bodê, um nome francês da iguaria, preparada lá na feira mesmo.
Resultado, estou na varanda do edifício tentando pular e um monte de gente segurando, estou tentando me acalmar,é muita coisa, não tem cristão que aguente. 
Morrendo muita gente boa, Gal Costa, Rolando Boldrin, Isabel jogadora de vôlei, mas ficando ainda sobre a terra um monte de inutilidades que tão bem conhecemos, isso é muito castigo.
Um bando de idiotas pedindo a volta da ditadura, o Grande Mentecapto depois de derrotado vive chorando pelos cantos, pois nada lhe restará além do lixo da história.
Mas aqui em Dubai, digo, Guará, algumas coisas curiosas que só acontecem por essas bandas, como o estranho caso do estacionamento do metrô, bem ao lado da Feira do Guará.

DOCE VINGANÇA

SINOPSE

Jennifer Hills (Sarah Butler) é uma jovem escritora, que resolveu ir para uma sossegada cabana na mata com o objetivo de escrever seu novo livro. Sua presença logo é notada em um pequeno vilarejo próximo, o que faz com que alguns moradoras resolvam lhe pregar um susto.

CALOR DE LASCAR

Muito suor, não consigo raciocinar direito, a respiração começa a ficar difícil, começo a me imaginar no meio do deserto do Saara, tento escrever o artigo da semana.
Por mais que tente, parece que esse calor infernal está drenando toda minha inspiração, nada do telefone tocar, uma vontade de tomar uma gelada lá no Porcão, o suor continua escorrendo.
Todos nós sabemos, que quando estamos nesse período de calor, bate aquela preguiça, uma visão de começa a nos atormentar tirando toda a concentração.
Olho para o calendário, quase Dezembro começo a ficar impaciente, diante do computador procurando alguma coisa interessante no Face, só falam de um bando de imbeciloides acampados diante de quartéis ou obstruindo estradas, com sinais fortes que o calor derreteu o cérebro dessa turma.