Li em algum lugar que essa maldita pandemia assim como um trator já patrolou mais de quatrocentos, sim os números não mente foram quatrocentos mortos até agora no Guará.
Muita gente ainda não consegue acreditar ou talvez não acredite mesmo, mas o bicho continua pegando, parece que o macabro círculo continua fechando.
Conversando com o velho Caixa notamos que muitos já deixaram de tomar algumas precauções, ficando expostos e expondo os outros, num caso de total irresponsabilidade com o próximo e consigo mesmo.
Todos os dias nos deparamos com notícias da perda de algum amigo ou conhecido, apesar de muita gente já ter sido vacinada, mas ainda falta um pouco de conscientização da galera, principalmente por parte de alguns usadões teimosos, que estão aproveitando para se soltarem como se a pandemia não existisse e o número de mortos não passando de temores infundados ou coisa dos alarmistas.
Infelizmente a coisa não é brincadeira, apesar da nossa vontade, continuamos sem poder nos despedir dos nossos dignamente.
Acabei de ter bater um longo papo com meu amigo Caixa Preta, o cabra não perde uma, nada passa batido com o que acontece no nosso quadrado que é o Guará.
Muito animado ele falou com as coisas que acontecem no Guará, somente aqui, pois quando falamos com alguém de fora o que já virou rotina por aqui, as pessoas pensam que estamos nos referindo a outro planeta, pela grande quantidade de buracos já está parecendo com a lua, crateras é o que não falta.
Segundo o cabra, as coisas por aqui estão animadas, nessa semana foi lançado com pompa e circunstancias, o Manual do Direito Seletivo que vale somente no Guará, mas logo teremos a Nova Constituição que já tem lançamento previsto para muito breve.
O amigo Caixa se referia é claro ao quiosque, que foi devidamente arrancado pela raiz, pelo DF Legal, caso quase inédito por essas bandas, coisa que causou um alvoroço danado, deixando os chegados em polvorosa.
De acordo com o grupo de defensores dos amigos dos quiosques irregulares, isso jamais poderia ter ocorrido, pois agora podem querer colocar ordem na bagaça e acabar com essa mamata na cidade.
Conversando com o Caixa Preta, senti que o cabra estava meio tenso, imaginei que talvez fosse por causa do longo confinamento, a perda de amigos e conhecidos.
Muito contrariado, parecia não querer falar, mas conhecendo o cabra sabia que logo ele me diria o que estava contrariando-o , dei algum tempo, quem sabe talvez o fizesse relaxar contando o motivo pra mim, que sou seu amigo.
Depois de um longo silêncio, soltou um longo suspiro, começou contando que assistiu uma entrevista no final de semana, onde tudo parecia uma grande armação para tentar fazer com que o nosso ineficiente governador, muito preocupado com o almoço do Dia das Mães danou o pau a falar aquelas mentiras de candidato, mesmo que as chances seja muito poucas.
O que quase me mata de rir, foi quando na maior cara de pau, resolveu contar sobre uma distribuição de cestas básicas em uma dessas RA’s, disse que o povo estava muito carinhoso e receptivo, só pensavam em tirar uma foto ou abraçá-lo, muitos esqueceram até de pegar as doações apenas pelo prazer de cumprimentá-lo.
Uma coisa é certa, facilmente arranjará uma boquinha num show de humor ou stand up desses que tem por aí.
Só não respondeu foi sobre o Iges-DF, quando questionado esquivou-se, pois não gosta nem de ouvir essa conversa, saindo rapidamente pela tangente.
Estava dando uma olhada nas mensagens postadas no What’sApp fiquei um pouco confuso com a grande quantidade de pioneiros aqui no Guará, uma maravilha.
O Guará completa 52 anos, a cidade cresceu, mas em um dado momento parece que perdeu o rumo, virou essa bagunça, com uma falta de respeito ao plano urbanístico, uma coisa de matar de inveja qualquer vilarejo nos mais longínquos rincões, que vulgarmente dizemos: Onde Judas perdeu as botas.
Me parece que o velho lobo, meio cansado, está pouco ligando com o que passa no pedaço, pois os desmandos praticados por aqui, vão refletir na vida dos nossos, graças a nossa pasmaceira diante de tantos descalabros.
Muita gente já passou por aqui, mas nenhum digno de ser lembrado por algo bom que tenha feito pelo Guará, muitos deles pensando apenas nas carreiras políticas fracassadas.
Sendo lembrados apenas por um bando de puxas sacos, apadrinhados ou algum chegado que foi aquinhoado com algum tipo de agrado durante o período que aqui estiveram, praticando essas lambanças, já deveriam ter sido banidos da memória do Guará.
Me lembrei de uma música que tinha um refrão interessante, dizia mais ou menos assim: Tem gente de terno e gravata matando o Brasil… Um misto de indignação e revolta bateu no meu peito.
O que mais dói é o povo aceitar bovinamente isso e ainda comemorar como tudo não fosse uma tremenda brincadeira de mal gosto, pelo jeito a coisa tende a piorar.
Segundo o velho Caixa Preta até as maiores desgraças viram uma piada no nosso país, mas a verdade é que os nossos dirigentes aprontam cada uma que fica até difícil acreditar que esse país tenha algum futuro.
Todo mundo apavorado com a falta de vacinas, atrasos, falta de informações confiáveis, os iluminados soltam verdadeiras pérolas na imprensa que num estalar de dedos viram piadas mundiais, se antes eramos conhecidos pela nossa alegria nas horas mais difíceis, agora somos os verdadeiros palhaços desse circo mundial.
Os sinais são bem claros quando um ministro resolve se vacinar escondido, mesmo já tendo idade dizendo que adora a vida, família, tem cachorros pra cuidar e outras abobrinhas.
O mês de Maio se aproxima, junto com ele chegaremos à data de aniversário do nosso amado Guará que apesar do ar de abandono, parecendo esquecido pelos que deveriam cuidar e zelar pela cidade.
Talvez muita gente deve estar confundindo o símbolo do Guará, que é um lobo, com uma hiena, um animal feio pra cacete, come carniça, fezes, aproveitando sempre o resto de caça de outros animais, faz sexo uma vez por ano, vive rindo parecendo um retardado do reino animal, além dos humanos.
O Caixa Preta me perguntou : - Ri de que ? Me explica essa coisa, isso me deixa confuso.
Expliquei que o nosso lobo Guará, o símbolo da região parece com um cachorro, habita o cerrado, mas tem hábitos totalmente diferentes da tal hiena.
Acredito que além da maldita pandemia, não temos muito o que comemorar, pois a cidade passa por esse verdadeiro bacanal administrativo que ofende a qualquer contribuinte sério, jamais passados em todos esses anos.
Parece que tudo aqui é diferente, basta observar as diversas invasões e construções irregulares que hoje fazem parte da cidade.
Como em matéria de fiscalização ficamos muito a desejar, pois quem teria a obrigação de fazê-lo inexplicavelmente se omite ou tem preguiça de zelar pelo bem público.
Como uma maldição pairando sobre as nossas cabeças, essa pandemia não tem fim, todos os dias recebo notícias de morte de amigos, conhecidos, não aguento mais ouvir falar em mortes e internações.
Até o meu grande amigo Caixa Preta anda se queixando do momento que estamos vivendo, me disse que outro dia aconteceu um caso com ele, que ilustra bem o que digo.
Disse ele que anda tão carente que outro dia abriu a geladeira de madrugada, acendeu a luz, ele ficou tão emocionado que pensou tratar-se de uma festa surpresa.
O cabra ri do nosso cotidiano, gosto muito disso, fiquei com vontade de lhe encher de porrada, mas ri da conversa dele.
Disse também estar cansado com tantas mortes, de ouvir os candidatos a santos dizendo que mais uma estrela foi enfeitar o céu.
Eu não quero amigos, irmãos, parentes e todas as pessoas que gosto enfeitando o céu ou qualquer outro lugar que seja, quero todos aqui na terra por mais feia e chata que possa ser ou parecer, a vida é que importa, pois nela acontecemos, fora isso são apenas lembranças.
Segundo o velho Caixa Preta até as maiores desgraças viram uma piada, mas a verdade é que os nossos dirigentes aprontam cada uma que fica até difícil acreditar que esse país tenha algum futuro.
Todo mundo apavorado com a falta de vacinas, atrasos, falta de informações confiáveis, os iluminados soltam verdadeiras pérolas na imprensa que num estalar de dedos viram piadas mundiais, se antes eramos conhecidos pela nossa alegria nas horas mais difíceis, agora somos os verdadeiros palhaços desse circo mundial.