Sem querer olho pela janela do meu apartamento e, com tristeza, vejo meu horizonte diminuindo, quase sumindo, tenho saudade de admirar o cair da tarde olhando para o Parque Ezechias Heringer (Parque do Guará), então, meus olhos ficam marejados, acho que é a fumaça das queimadas.
Fica difícil acreditar que a população continue nessa pasmaceira, alheios a tal situação, sem se ligar muito para a sobrevivência do nosso parque, difícil imaginar tanta alienação por parte da população do Guará.
Será que precisa que o nosso parque caia nas mãos de inescrupulosos especuladores imobiliários, esses que só se importam com o lucro crescente imediato e pouco se importam com o que nos aguarda no futuro?
A grande verdade é que a preservação do parque passa pela manutenção da nossa já combalida qualidade de vida, quiçá nossa sobrevivência, lutar por ele é uma questão de honra para o Guará.
Muita conversa e pouca ação bem no estilo dessa turma, com o GDF sempre protelando, pois sai governo entra governo não vemos uma ação enérgica para a definitiva implantação do parque, retirando os que ainda teimam em fincar raízes numa área de preservação ambiental, berço de mananciais, flora abundante, uma beleza que só a natureza com a sua força pode nos proporcionar.
Encontrei com meu amigo Caixa Preta, ele estava muito preocupado, me falou que agora só os bonitos estão morrendo e citou Alain Delon, quase morro de rir quando olhei pro cabra.
Mas lá no Porcão enquanto tomávamos nossa cerveja, ouvindo aquela gritaria saudável parecendo o Maracanã em dias de clássico, comecei a relembrar de algo que ouvi.
Mas o meu pensamento estava focado no que tinha ouvido em uma reunião dessas muitas que acontecem no Guará pra resolver ou tentar discutir uma solução para os graves problemas da cidade.
Tem gente querendo fazer a todo custo acreditar que tudo feito por essas bandas, só acontecem por causa do amor e dedicação, como querem nos fazer acreditar algumas vaquinhas de presépio.
Tudo fruto do amor, fica-se até emocionado, com o show de puxa saquismo onde com a voz embargada, mentem como se todos fossem otários pra acreditar.
A população tem que ficar atenta a esses santos de plantão, que parece ter virado moda por essas bandas, onde tudo é feito na base do amor, sem reclamar das aberrações que campeiam no Guará, se reclamar corre-se o risco de ser excomungado.
Numa conversa que tive com o Caixa Preta, fiquei impressionado com o ar de tristeza do cabra parecia que algo o preocupava, perguntei logo o motivo daquela apatia.
O velho Caixa disse que já estava cansado do festival de mentiras em grupos de What’s App, em rodas de conversas nos botecos.
O nosso Guará todo dia fica estarrecido com as fofocas eleitoreiras de políticos prometendo mundos e fundos, para a população mesmo sabendo que nunca acontecerão, pois o DF, assim como o resto país enfrentam uma crise provocada pela estagnação da economia, muita gente sem emprego e o que é pior, muita gente passando fome.
Espero que parte da população mais esclarecida fique de olhos bem abertos para o que está acontecendo, salvadores da pátria não existem, o que existe na verdade são aproveitadores, políticos carreiristas que aproveitam a onda de confusão por qual passa a população para permanecerem em evidência.
Pra eles o que importa é salvar a carreira, nada de útil fazem, apenas propagam mentiras deslavadas, verdadeiros delírios, nisso eles são mestres.
Procurei meu amigo Caixa Preta, estava precisando botar o papo em dia, muita coisa acontecendo na cidade, fomos até o Porcão o nosso escritório oficial, onde entre uma cerveja os assuntos iam sendo discutidos, os delírios aumentam.
Tem muita coisa estranha acontecendo no mundo, sempre o pobre é atingido de forma avassaladora, parece que querem varrer o pobre da face da terra.
Os ricos estão tirando dos pobres a alegria de viver, tudo vem para tirar a nossa alegria, uma coisa orquestrada contra o pobre que não aguenta mais tanta privação de coisas do nosso dia a dia.
Pode até parecer que estou exagerando, que talvez seja mais uma sacanagem passageira, mas vamos prestar atenção no meu relato.
Tomemos como exemplo as sandálias Havaianas, todo pobre de vergonha tinha uma, sempre com o cuidado de ter uma sobressalente guardada ou metia um prego pra continuar usando.
Foi só o rico começar a usar o preço disparou hoje não se encontra uma boa Havaianas por menos de 70,80 reais, um absurdo, não tem pobre mais usando Havaianas.
A farra tá boa aqui no Guará, invasões a granel e construções irregulares ou suspeitas no atacado, tudo na base do “ninguém sabe, ninguém viu” e se viu faz de conta que não viu.
Sempre que se fala nesse festival de irregularidades que por aqui acontecem, alguns puxa sacos correm para fazer a defesa do malfeito.
Nunca se viu em país algum, crescimento e progresso sem seguir o que tem de estabelecido nas leis vigentes.
Não se educa um país sem o real comprometimento da população e governantes com as leis vigentes, nada de “quebração de galho” ou gambiarras, na base de dois pesos, duas medidas como sempre acontece por aqui.
As construções na orla do Guará II continuam em ritmo bastante acelerado, mas nada de fiscalização, tudo dominado, como sempre, por mais que a população reclame continuam acontecendo, todos fazendo a já famosa cara de paisagem.
Cansado de ver as Olimpíadas de Paris resolvi dar uma volta, talvez encontrasse um tema interessante para o meu artigo, a sorte estava do meu lado.
Andando distraidamente pelo centro do Guará me deparo com aquela figura mais que conhecida, o meu amigo Caixa Preta, que dentro do espírito olímpico já chega tirando um sarro e reclamando.
Dizia ele que uma grande atleta olímpica nunca foi reconhecida pela mídia, sempre relegada e nunca procurada por grandes redes de Tv's do Brasil.
Comecei a ficar curioso, mas conhecendo o cabra como eu conheço, resolvi ficar na espera da revelação do nome de tão esquecida atleta, que apesar de não reconhecida contava com esse grande admirador.
Quase morro de rir quando ele me contou quem era, minha gargalhada não agradou muito ao velho Caixa, que já foi descrevendo a atleta em questão.
- Velho Gruja, mamãe já foi uma grande atleta e nada ficava a dever as grandes campeãs medalhistas, na modalidade arremesso de chinelo.
O telefone toca, o Caixa Preta ligando pra falar algo muito importante, mas tem que ser lá no Porcão, mesmo com o frio de lascar resolvi atender ao chamado, queria saber das novidades.
Sabia que pelo jeito teria que enfrentar o nosso refúgio, o sempre bom e velho Porcão, um boteco emblemático de Guará, onde reina aquela sujeira salutar estampada nos aventais dos garçons e cozinheiros.
Adotado e adorado por endividados, quebrados, duros e todo tipo de cachaceiro, já faz parte de nossa vida, virou uma marca registrada na cidade.
Meus olhos ficaram marejados quando lembro do nosso garçom preferido, o carinhoso e gentil Galak que sempre nos recebe com alguns coices, impropérios e a má vontade que lhe é peculiar, um verdadeiro asno batizado.
Lembrando tudo isso, parece até que embarcamos no túnel do tempo, voltamos ao passado não muito remoto e nos deparamos com os mesmos erros que continuam acontecendo por aqui.
Segundo o meu amigo Caixa Preta, basta dar uma volta no Guará, tenha a certeza que vamos nos deparar com um Guará que a muito deixou de nos orgulhar.
Para sentir o que acontece por aqui basta dar uma volta na Feira do Guará, mais uma falta de respeito com a população.
Depois que lacraram o Penico de Ouro, uma aberração emblemática na cidade, agora os espertos resolveram alugar banheiros químicos, num flagrante desrespeito a qualquer lei ou regimento, um verdadeiro acinte à saúde pública, os monstrengos foram colocados no estacionamento da Feira do Guará onde a escassez de vagas é uma realidade.
Lá no Porcão na nossa mesa preferida, perto da porta pra uma eventual fuga, também pra não sentir aquela catinga que parece ser de um esgoto próximo.
O Caixa Preta com cara de sono fazia algumas considerações sobre o mês de Agosto, muita gente não gosta, isso envolve superstição e outras crendices sobre Agosto.
Segundo cabra, é um mês sem graça, não tem um feriado, o único seria o Dia dos Pais, mas estranhamente cai num domingo.
Quando o velho caixa chama o Guará de Dubai, muitos fazem biquinhos como no Tik Tok, ficam melindrados e pra não fugir da mesmice, dizem que somos niilistas, talvez por não saber fingir que está tudo bem, como as famosas vaquinhas de presépio que habitam diversos grupos em redes sociais.
Mas o velho Caixa estava meio sonolento, o motivo é o tempo que o cabra passa diante da TV tentando se animar com os jogos que acontecem lá em Paris, que aos trancos e barrancos tenta empolgar o mundo.
Como o grande assunto do momento são as Olimpíadas, o cabra tinha um assunto muito interessante, talvez poucos tenham se ligado no assunto.
Começa o mês mais longo do calendário, pra muita gente um mês aziago, tem gente que não faz nada de importante nesse mês, pois superstição pouca é bobagem.
Fui direto ao Porcão, quem sabe o Caixa Preta pudesse esclarecer algo sobre o mês que iniciamos, o cabra já estava na mesa me esperando, só fiquei meio cabreiro quando ele ao me ver, bateu três vezes na mesa.
Aproveitei e falei sobre o Dia dos Pais, como nada passa batido a esse gozador nato, resolveu fazer algumas observações sobre o tal dia, tudo na base da gozação, sem dó nem piedade.
Quase morro de rir, mesmo achando a coisa meio cretina, o velho Caixa desceu a lenha,
o cabra não é muito chegado nessa conversa de datas, para não passar batido, resolveu falar sobre o tal dia, parecia sinceramente indignado com o tratamento recebido pelos pais no seu dia, ele como pai, aproveitou para desabafar, fazendo algumas considerações que até concordei.
Nós os pais estamos de saco cheio de receber camisetas fajutas com aquelas inscrições cretinas bolada pelo pessoal do marketing, tipo: Super Pai, Papai Eu Te Amo, Papai Meu Herói e mais um monte de frases que não consigo lembrar agora.
Parece até brincadeira essa canalhice que estão aprontando contra o Guará, não há como expressar de outra forma essa falta de atenção com a nossa cidade.
Muita gente pode até estar estranhando com o assunto que é recorrente hoje por aqui, apesar dos puxas sacos se desdobrarem para encobrir as armações que querem aprontar no nosso quadrado.
A população está cansada desse amontoado de mentiras em grupos de WhtsApp, parecendo até matéria paga, dado a insistência de alguns em querer defender o indefensável, danam o pau a propagar um amontoado de baboseiras a respeito do que acontece, replicam sem dó nem piedade.
Mas o que mais chama a atenção além do pseudo - dono da cidade querendo substituir o executivo, coisa que está acontecendo com muita frequência, sem que o GDF mova uma palha para dar um fim nesse descalabro.
O espaço esportivo público do Guará, o famoso CAVE sofre de uma das mais danosas forma de abandono por parte da Administração, pelo andar da carruagem parece que a coisa vai degringolar de vez.
Foi lançado um programa para reforma e implantação de espaços esportivos em todas as regiões administrativas, mas pasmem os senhores contribuintes, o Guará está fora de qualquer plano para a melhoria do Cave e dos nossos espaços esportivos espalhados por toda cidade, destinados ao usufruto da população.