Notei que o Caixa Preta tinha alguma coisa pra me contar, estava sério, mas antes ele resolveu falar dos grupos de What’sApp da cidade, onde outro dia um idioter(seguidor de influencer) se vangloriava de ter fumado muita maconha lá na tal Biqueira dentro do Parque Hezechias.
O mesmo idoter agora está quase se rasgando com a possível liberação da mesma, muita frescura pra quem gosta muito de chamar atenção, mas o que preocupava mesmo o velho Caixa, era o sumiço de alguns Usadões aqui na cidade.
Segundo o cabra, estava lendo em um jornal, numa pesquisa feita que a vida do pessoal do século passado não é fácil aqui por essas bandas, fiquei pasmo com a triste revelação.
Fiquei meio cabreiro com a situação dos Usadões do Guará, pois apesar da fama de cidade com um dos níveis mais alto de politização, cultural e de renda do DF é de estarrecer os números de maus-tratos aos que chegaram à casa dos “entas” divulgados por uma pesquisa feita aqui no DF , uma coisa de assustar, aumentando a vontade de morrer antes de envelhecer pra não ter que passar por tão humilhante situação.
Parecia até que estávamos assistindo a um filme de terror, muitos não queriam acreditar na frieza dos números que estão lá para constatar uma triste realidade, o que nos deixa bastante apreensivos.
Sentado lá na mesa do Porcão o quiosque mais charmoso e sujo da cidade, um calor de lascar estou bebendo uma cerveja super gelada enquanto aguardo o meu amigo Caixa Preta aparecer com as novidades da semana.
Observando o vai e vem do Galak o simpático garçom que sempre nos atende com carinhosos coices, estou emocionado em ver aquele paquiderme tão fofo.
Suando em bicas, com aquelas lindas marcas de suor nas axilas da camiseta, sempre com uma toalha no ombro para limpar o suor que escorre da testa, quando não usa o avental que um dia foi branco , hoje um pouco amarelado pelo uso e a sujeira ou a falta de uma boa lavagem.
A demora do velho Caixa já começa a me preocupar , ouço um ronco, olho para o céu , pensei ter ouvido um avião mas era apenas meu estomago reclamando da falta de um tira gosto.
Olho para o lado da cozinha e vejo a cozinheira coçando o dedão do pé com a faca que corta a calabresa , a fome passou na hora.
Ainda bem que o Caixa Preta chegou e gritando já veio com as notícias recolhidas pela cidade durante a semana , estava inspirado foi logo detonando bem ao seu estilo,o cabra estava animado.
Sentados lá no Porcão, eu e o meu amigo Caixa Preta, entre uma cerveja e outra, discutíamos o destino do Guará, pois entra ano, sai ano tudo continua muito lento, sempre no velho passo da tartaruga com artrose.
Nos grupos de What’sApp os delírios continuam, pois uma grana prometida, vai dar para fazer um novo Guará, onde das torneiras poderão jorrar cerveja gelada, o paraíso é aqui.
O velho Caixa continua injuriado com essas mazelas que parecem fazer parte da rotina do Guará, isso deixa o Guerrilheiro do Cerrado cada vez mais resmungão, basta ver quando ele começa a relatar as coisas mais sem noção que pintam por aqui.
Me conta ele que pediu tempos atrás para que uma grande árvore perto de sua residência fosse podada.
Pois o temor maior da população ali na vizinhança onde mora era o estrago provocado pela queda durante o período de chuvas com rajadas de vento que costuma atingir o Guará de vez em quando.
A grande árvore fica também próximo ao muro de uma escola, procurou na Administração por possíveis responsáveis pela poda, recebeu tantas desculpas que acabou desistindo.
Para que alguns galhos fossem cortados, era preciso mandar pedir autorização até ao Green Peace, ONU, OTAN, Marcola, Fernandinho Beira-Mar, até a Greta seria consultada e outras autoridades do ramo.