Lá no Porcão, sentados longe da muvuca eu e o Caixa Preta conversávamos sobre os problemas do Guará, pois problemas temos de montão.
O Caixa resolveu começar pela dengue que não dá trégua, quase todo mundo já teve ou acha que terá.
Estava estranhando o exército ter sido chamado para ajudar no combate ao mosquito da dengue, que não cansa de fazer vítimas no DF.
Pois se o mosquito ainda é larva, está dentro d’água, a responsabilidade pelo combate devia ser da marinha, mas quando começasse a voar teria que ser da aeronáutica, quase morro de rir com a observação.
O calor nos castigava, o cabra continuava nas suas observações, falou da aproximação da Semana Santa, onde a turma enche as igrejas pedindo perdão pelo que aprontou no Carnaval.
Na Semana Santa nem vou falar muito pois estou mais quebrado que arroz de terceira, acho que nem sardinha vai pintar na Sexta Feira da Paixão, a coisa tá complicada.
Com a proximidade da Pascoa, muitas lojas está colocando o mostruário de ovos de chocolate, dei uma conferida nos preços, levei um susto.
Acho que os ovos de Páscoa serão bentos pelo Papa, o chocolate é suíço tenho certeza, a Semana Santa nem vou falar pois estou mais quebrado que arroz de terceira.
Meu grande amigo Caixa Preta já me disse que devido a grande escassez de grana, ele passou a odiar pedinte. Fiquei curioso, pois o velho Caixa apesar de ranzinza é um cabra de bom coração.
Ele me explicou que os pedintes estão praticando bulling com ele, pois quando passa perto de um, o cabra faz questão de ficar balançando a latinha cheia de moedas só pra fazer inveja, mostrando que tem mais dinheiro que ele.
Dei uma sonora gargalhada, mas quase choro, pois a minha situação não é melhor que a dele, até conversa tá sendo fiada pra não ter que desembolsar algum.
Como sempre nos dirigimos até o nosso boteco de responsa o Porcão, pois essa frente fria que está vindo do inferno não alivia, temos então que recorrer a aquela cerveja bem gelada, nos sentimos em casa.
Por aqui nada mudou, basta dar uma volta na cidade e ver a proliferação criminosa desses prediozinhos marotos que todo dia aparecem em construção por aqui, uma verdadeira zona, nada de respeito ao plano urbanístico ou normas de construção, tudo feito nas coxas como é comum acontecer no Guará.
Ainda pode piorar.
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