Nessa semana por causa da quarentena eu já estava ficando meio entediado, resolvi dar uma chegada lá no banco pra resolver alguns problemas.
Fui sem pressa, mas observei com cuidado cada pessoa que estava na fila, tinha uma figura que estava um pouco a minha frente, cujo comportamento estava me incomodando.
Eu já não estou muito tranquilo em relação ao confinamento e o cabra estava todo equipado com máscara, capuz do blusão sobre a cabeça, luvas, tinha nas mãos um vidro de álcool gel e ficava toda hora passando nos caixas. Parecia mais um E.T. pensei que ia ser abduzido.
Logo me tranquilizei quando reconheci naquela estranha figura o meu amigo Caixa Preta, que veio logo se justificar daquele estranho comportamento.
Segundo o relato do cabra: - Cada vez tenho mais certeza que não estou entrando em parafuso, ficando meio paranoico, apenas me sinto mais cuidadoso, nada de ideia fixa como muitos falam.
-Tudo bem que quando dou uma saída pra ir atá a padaria, ando olhando fixamente com muita atenção pro chão para evitar pisar em algum vírus desgarrado e me lascar de vez.
Ao sair olho pra todos os lados pra ver se tem algum vírus espreitando, ando de luvas com um par de reserva no bolso, pois só pego em qualquer coisa com luvas.
O Papa rezando solitário talvez tenha sido uma das fotos mais emblemáticas ... Tive o cuidado de assistir com atenção...não vi em momento algum ele citar o nº da conta bancária para depositar o dízimo...
O Caixa Preta me contou que o celular está tão cheio de informação sobre o tal Coronavírus, que ele jura que já ouviu ele tossindo umas três vezes em vez de vibrar, tive que rir.
Agora que a moda é falar das ameaças com as epidemias de vírus que estão espalhadas por aí: coronavírus, dengue, sarampo e mais uma série de mazelas que aparecem de tempos em tempos.
Para não perderem a oportunidade de aparecer na cidade, aproveitando a comoção e a grande histeria coletiva causada pelo Coronavírus que tomou conta da população, já se nota o aparecimento de alguns espertos, cheios de conselhos e dicas pra escapar com saúde ,evitando ser atingido pelo tal vírus.
Tudo rapidamente encampada por aqueles cheios de conversas que vivem a se aproveitar de situações como essa para tentar ficar na vitrine ou faturar algum com as propagandas.
Mas nada de tocar nas principais necessidades para tornar o Guará um lugar melhor pra se viver.
Como as praças internas das quadras quase todas abandonadas, entregues em sua maioria ao lixo, ratos e insetos, além dos desocupados que volta e meia às transformam em residências, aproveitando a localização privilegiada das mesmas para fazer delas suas estações de veraneio, usufruindo da manguaça que alguns idiotas teimam em financiar ou abastecer a galera não deixando faltar o precioso líquido.
Para alguns comerciantes inescrupulosos essa pandemia caiu do céu. Aproveitando-se da histeria coletiva que reina por aqui, aumentam os preços de alguns produtos na ganância de ganhar algum em cima das desgraças alheias.
Mas isso já era esperado, pois a ganância parece que cega e, sem se importar com os efeitos sobre a população que os acolhe e consome seus produtos, resolve lucrar descaradamente no lombo da população que já está no seu limite.
O Guará recebe de braços abertos os negócios que chegam por aqui, esperando que cresçam e tenham muito sucesso com lucros que compensem seus investimentos, mas nada oferecem em contrapartida, justo na hora que mais necessita, recebe uma facada pelas costas numa demonstração de total irresponsabilidade social.
Coisa de comerciante burro e inescrupuloso, pois, em vez de se ombrear com a população ficando ao lado para enfrentar essa crise, que julgo seja passageira, resolve lucrar sem escrúpulos nenhum, esquecendo como fidelizar clientes.
Agora em tempos de coronavírus temos que falar seriamente sobre o que nos preocupa, deixar as piadinhas de mal gosto de lado, brincadeirinhas e vamos atentar para alguns pontos importantes do momento atual.
Se por acaso do destino um de seus familiares, coisa que nem passa por nossa cabeça, mas vamos supor que essa infelicidade caia sobre alguém muito próximo de nós:
Pai, mãe, irmãos, filhos ou aqueles que por viverem tão próximos, consideramos familiares também.
Agora vem a parte mais cruel, vão interná-lo, ficará numa sala restrita durante todo o período da doença sem nenhum membro da família poderá ficar ao lado para dar um apoio, não poderá receber visitas, carinhos ou afagos e nem ouvir que tudo ficará bem e logo estará de volta ao nosso convívio.
É dose aguentar essa conversa mole de políticos, que durante a campanha prometem até cerveja gelada encanada, mas logo depois da posse são atingidos por uma amnésia brutal, e a população que se lasque.
Sempre com esse papo, passam a ter delírios de grandeza, com a ajuda dos puxas sacos de plantão. Aqui no Guará tem muito, fácil identificar, basta dar uma olhada lá nos grupos de What’sApp.
Mentem tanto que parece até que todo o orçamento da União vem para o Guará, com o intuito de transformar a nossa cidade em uma metrópole de padrão internacional, pois segundo alguns dinheiro é que não falta.
Dizer que destinou emendas, toda elas milionárias ,mas não quer dizer que elas serão aplicadas por aqui,pois o DF hoje tem suas Administrações abandonadas e sem orçamento próprio para sanar os problemas, o que chega mal paga a conta dos desperdícios, até luz, segurança, das áreas abandonadas pela Administração, como o Ginásio de Esportes ali no Cave, são pagas religiosamente,sem questionamentos,mas sem que nada seja feito para consertar o local para usufruto da população.
O Caixa Preta estava todo risonho, com um sorriso de deboche, o cabra não queria deixar barato então sentou o pau, sempre na base da gozação, veio me convidar para morar no Guará III uma verdadeira ilha da fantasia estampada naquele folhetim, onde tudo era uma maravilha , problemas não existem, dinheiro para execução de obras para os chegados não faltaria pois tudo seria resolvido num toque de mágica, confesso que quase embarquei na do velho Caixa, pensei seriamente em me mudar de mala e cuia para esse paraíso implantado no meio do cerrado.
Com tudo que acontece no Guará deixa o Caixa Preta meio arisco, ele revelou ser intolerante a lactose, pois tinha desmaiado quando ouviu uma música da banda Mastruz Com Leite. Estava com essa piadinha na ponta da língua quando o encontrei nas minhas caminhadas pelo Guará.
O cabra foi logo contando com o que tem lido nos grupos de What’sApp, onde notou a grande quantidade de ambientalistas, bichos grilos, curiosos, adeptos da meditação transcendental, curiosos e fãs da natureza em geral. O cabra disse que a quantidade de Deputados, Distritais, Senadores suplentes, lideranças de araque, estudiosos, ambientalistas tão sensíveis com os problemas do Parque do Guará, todos se rasgando despudoradamente pelo parque e toda a área do CAVE.
Essa galera aí acha que o parque é aquele gramado que cresce vertiginosamente nos becos que demoram a ser cortados ou nunca foram cortados, que serve apenas de viveiros pra animais peçonhentos.
Com aquela sua ironia de sempre o velho Caixa resolveu tirar um sarro na galera, pois pelo que se nota é que tem gente nesses grupos que são capazes de tentar até suicídio quando uma árvore ou planta morre no cerrado.
No Guará, apesar da avalanche de reclamações da população, os reclames da população não são ouvidos, muitos são ignorados, empinam o nariz e dizem que nada podem fazer, esse filme já é bem antigo por aqui.
O mundo parece que acaba pra alguns que não se sentem capacitados em dar um retorno do dinheiro destinado pra cidade, trazendo melhorias ou sanando problemas que são recorrentes, nunca é realmente aplicado por aqui, como as invasões desordenadas, puxadinhos, alagamentos e o lixo que toma conta da cidade. Ainda tem a cara de pau de jogar a culpa por esse descaso na população. Com isso a bomba acaba, como sempre, no lombo do pobre contribuinte, que muitas vezes fica calado sem reação alguma. Somos de certa forma culpados com o descaso que vem sofrendo o nosso Guará.
Sempre aparecem aquelas figurinhas carimbadas, sem uma solução plausível para estancar esse nosso crescimento desordenado, os desvios das leis e regimentos vigentes, que em raros casos são realmente respeitados.
Essa o Caixa Preta me contou lá no Porcão, segundo o cabra um amigo médico, viajando de carro por esse interior, estava ficando sem combustível entrou no primeiro povoado que apareceu na beira da estrada pra abastecer.
Chegou no posto de gasolina, achou meio estranho, não tinha uma viva alma pra atendê-lo, apesar de buzinar sem parar.
Do nada apareceu um cara que foi logo lhe dizendo:
- Não adianta buzinar, porque o posto está fechado, não vai abrir; a filha do dono morreu ontem e todos estão no velório.
O meu amigo, chegou a conclusão que tinha que ficar por ali, resolveu então dar uma volta pelo povoado pra esticar as pernas ,relaxar enquanto esperava.
Logo no final da rua viu uma pequena aglomeração, curioso foi até lá, era justamente onde o pessoal velava o corpo da jovem morta, aproximou-se do caixão, observou então algo extremamente raro.
Chama o pai da falecida, um senhor que chorava inconsolavelmente no canto da sala e disse-lhe:
- Olhe, sou médico, a sua filha não está morta, está em estado catatônico; parece morta, mas está viva.
O pai, nervosíssimo, cheio de esperança pergunta: - O Sr. pode fazer alguma coisa?
O meu amigo médico, explica-lhe que há uma possibilidade, embora muito remota, de trazê-la de volta à vida, mas para isso, teriam que submetê-la a uma sensação muito forte.
Pergunta então ao pai: - A sua filha tinha namorado?
Embora estranhando a pergunta, o pai respondeu sim, e que ele se encontrava presente.
Bem, disse o jovem médico, então tirem o corpo do caixão, levem-no para uma cama junto com o namorado e deixem que eles façam sexo.
Ainda que com algumas reservas, o pai dá ordens para que seja feito tudo o que o doutor disse, mas pede para que ele fique, a fim de comprovar o resultado.
Depois de algumas horas abre-se a porta do quarto e, como por um milagre, a moça aparece vivinha da silva!