sexta-feira, 6 de março de 2020

RESSACAS

Sem ter muito o que fazer nesse período dedicado ao Momo, resolvi dar uma chegada lá no Porcão pra tomar uma gelada, quem sabe  não encontraria por lá o Caixa Preta que tinha sumido sem deixar rastros.


Eu estava adivinhando, me deparei com um cabra que parecia ter sido atropelado por uma carreta carregada de cimento ou algo parecido, estava muito esquisito, com aquelas olheiras que me lembravam um zumbi, desses que aparecem nos filmes de terror, uma coisa medonha de se ver.
Só não saí em desabalada carreira porque o cérebro mandava correr, mas as pernas não me obedeciam, fiquei estático, só me acalmei quando identifiquei quando aquela voz de taquara rachada falou meu nome, era o Caixa Preta.
O velho Caixa estava irreconhecível, um bafo que parecia ter tirado gosto com pedaços de defuntos, foi difícil segurar a vontade de vomitar.
Mas a amizade sempre fala mais alto, resolvi então ouvir os desabafos carnavalescos do Pierrot do Cerrado, apesar da catinga do cabra.
Começou falando das festas e blocos que desfilou, pois sendo um fanático pela festa pagã, onde encontrava um grupo sambando lá estava.



Estava tirando um sarro do pessoal que ficou em casa assistindo o desfile das escolas de samba do Rio pela TV.
Diz ele que tem um vizinho fanático pela Mangueira, sempre fica emocionado quando a Mangueira entra, não para de pular um minuto, vibrando com a entrada triunfal da sua escola preferida.
Encontrou com ele no portão com uma cara de tristeza de fazer dó, me abraçou chorando, dizendo que tinha dormido na hora que a Mangueira entrou.
O velho Caixa querendo consolar o mangueirense, sem perder o bom humor falou:
- Calma, agora é que a Mangueira vai entrar rasgando, estou até com pena do povo.
Ganhou um inimigo.

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