terça-feira, 3 de outubro de 2023

CALOR




Estava lá no Porcão esperando o Caixa Preta, sentado na nossa mesa favorita, bem na saída onde gostamos de sentar, para o caso de acontecer alguma emergência, o calor insuportável me deixava mau - humorado, o suor escorria.
Olhei para o  Galak com aquele avental imundo que volta e meia passava na cara para enxugar o suor, só não conseguia se livrar da catinga que exalava daquele corpo balofo, um bando de moscas sempre a lhe acompanhar sem desanimar, parecia que o cabra tinha tomado banho nas chuvas do ano passado, olha que já faz um tempo.
Perto da mesa, Cidinho, uma justa homenagem a um vendedor de joias, o cachorro do Galak, se lambia e de vez em quando dava uma rosnada na minha direção para demonstrar o amor que sentia pelas minhas canelas. 
O calor aumentava, o suor escorria, aquele telhado de zinco era de lascar, o velho Caixa estava demorando, pedi outra gelada.



De repente pintou na área o cabra mais maluco do pedaço, o velho Caixa, que pelo jeito vinha cheio de novidades para contar, pois o Guará de longe é a cidade que mais casos aparecem para contar ou comentar, sempre aparece algo novo.
 Alguém abriu a porta da cozinha e aquele bafo quente impregnado de gordura trouxe um cheiro de sovaco de múmia, que nunca senti, mas imagino que seja algo parecido.
O cachorro, sem ter o que fazer, resolveu jogar as pulgas embaixo da mesa, que logo nos atacaram, pois minhas pernas começaram a coçar, parecia que eu tinha pego uma sarna instantânea, tive que usar o garfo pra coçar, feri a perna.
Apesar de morto de vontade de tomar mais uma, resolvi cair fora, ninguém aguenta, afinal eu não estava ali para pagar pecados, minha paciência anda me abandonando, acho que o calor está colaborando com isso.
O calor continua castigando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário