Lá no Porcão tomando umas e outras, ouvindo o Caixa Preta me contar seus casos, vendo o Galak passar de vez em quando ao nosso lado, rosnando para nos assustar, mas pra mim bastava ver aquelas marcas de suor no suvaco e a catinga de gambá que exalava do cabra já me deixavam pra lá de assustado.
Foi lá que encontrei com o Caixa Preta, parecia meio assustado, um pouco triste pois uma cantora muito conhecida pelo escândalo que provocou com sussurros e gemidos, cantando com o namorado uma canção chamada Je t’aime, Moi Non Plus, quando tocava nas festinhas do Guará era um Deus nos acuda.
Aquela loirinha gostosa já estava com 76 anos, bateu as botinas, o Caixa que era um fã, ficou muito abalado.
Depois me falou de futebol, dizendo o cabra que está ficando com medo que o mundo se acabe, pois o Botafogo está ameaçando ser campeão brasileiro.
O velho Caixa estava meio saudosista, resolveu me contar um caso de quando morava na casa da mãe e resistia em desocupar a moita.
Ele estava em casa com a mãe, aproveitou para conversar um pouco com a véia sobre as questões da vida, principalmente da preguiça em procurar um emprego, morte e outros assuntos banais, segundo ele.
- Se um dia, mainha, eu estiver em estado vegetativo, dependendo de máquinas e líquidos para continuar vivendo, não hesite nem um minuto em desligar tudo, por favor.
A velha não disse uma palavra, simplesmente levantou bem devagar, desligou a Tv, o wiffi, o ventilador, jogou a cerveja e o tira gosto fora.
Gritou tão alto que doeu no meu ouvido, dói até quando lembro : - Cria vergonha vagabundo! Vai procurar o que fazer.
Acho que a rua inteira ouviu, pensa numa véia desalmada…
Não consigo parar de rir.
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