Lá
no Porcão, o tempo parecia ter parado, acho que era por causa da
preguiça ou talvez por aquele cheiro de sola de sapato queimado. A
fumaça subia, nos deixando sufocados.
Naquela hora eu tentava ver o
vulto do Galak vindo com a nossa cerva bem gelada, ouvi a pancada com
o fundo da garrafa na mesa, era ele.
O
Caixa Preta deu umas duas xingadas no cabra, para não perder o
costume, e resolveu soltar uma história sobre a primeira experiência
dele com o Uber.
Estava
atrasado para um evento, lembrou que podia chamar o serviço e
rapidamente o carro chegou à sua residência.
Na
direção, um sujeito que parecia ter saído de um conto de terror,
sentiu um frio na espinha pois o cabra se assemelhava a um ajudante
do Frankenstein, mas como tinham garantido que era seguro, embarcou e
seguiu para o destino, Águas Claras, que não era muito longe daqui.
Dentro
carro um silêncio sepulcral. Para quebrar o gelo, o velho Caixa
resolveu puxar conversa e tocou levemente no ombro do motorista. O
cabra se assustou perdeu o controle do carro, foi parar em cima do
meio-fio, quase provocou um desastre feio.
O
Caixa falou que ele estava dirigindo tão bem e perguntou qual o
motivo da barbeiragem, porque esse chilique todo por causa de um
simples toque no ombro que quase terminou em tragédia.
Foi
quando o pobre homem explicou meio acanhado: - Hoje é o meu primeiro
dia. Por 25 anos eu fui motorista de carro funerário. Quando senhor
bateu no meu ombro, pensei que fosse um defunto.
Quase
morro de tanto rir, pedi outra gelada.
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