domingo, 30 de outubro de 2016

HAVAIANAS TRAIÇOEIRAS

Lá no Porcão, com o calor de rachar, esperando o meu amigo Caixa Preta chegar pra cair matando naquela cerva bem gelada, fiquei a observar o Galak passando entre as mesas e de vez em quando esbarrava na minha, talvez pensando que eu estava cochilando.


Mas que nada! Estava de olho no cachorro que lambia as bicheiras embaixo da mesa mostrando de vez em quando os dentes, avisando que não ia muito com a minha cara, lançando famintos olhares para as minhas canelas. Tentei ficar calmo e relaxar, me senti como se estivesse nadando em um rio cheio de jacarés famintos.
Do nada apareceu o velho Caixa, que já vinha com uma história engatilhada para me contar. Pedi a cerveja e esperei o início da história que pelo jeito, envolvia o dito cujo.
O cabra estava meio envergonhado, mas depois da quinta cerveja resolveu abrir o baú de causos e contar o que lhe afligia.
Foi logo dizendo que aquela vida de pobre era uma merda, tinha saído do banco e estava meio traumatizado com o que passou por lá com o detector de metais da porta do estabelecimento, pois quando tentou entrar o bicho apitou e refugou a entrada dele.
Ficou intrigado, não tinha moedas no bolso, nem relógio, não tinha cinto com fivela de ferro, nem celular, nem chaves…
Resultado: Teve que tirar as Havaianas com prego e entrar descalço no banco, com a galera toda olhando desconfiado pra ele e rindo.

Essa foi de lascar!! Oh vida cruel essa de pobre!

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