O telefone toca, o Caixa Preta ligando pra falar algo muito importante, mas tem que ser lá no Porcão, com o calor de rachar resolvi atender ao chamado.
Quando lembro do nosso refúgio, o sempre bom e velho Porcão, um boteco emblemático de Guará, onde reina aquela sujeira salutar estampada nos aventais dos garçons e cozinheiros.
Adotado e adorado por endividados, quebrados, duros e todo tipo de cachaceiro, já virou uma marca registrada na cidade.
Meus olhos ficaram marejados quando lembro do nosso garçom preferido, o carinhoso e gentil Galak que sempre nos recebe com alguns coices, impropérios e a má vontade que lhe é peculiar, um verdadeiro asno batizado.
Lembrando tudo isso, parece até que embarcamos no túnel do tempo, voltamos ao passado não muito remoto e nos deparamos com os mesmos erros que continuam acontecendo por aqui.
Segundo o meu amigo Caixa Preta, basta dar uma volta no Guará, tenha a certeza que vamos nos deparar com um Guará que a muito deixou de nos orgulhar, com esse monte de remendos que alardeiam como obras, tudo feito nas coxas, basta dar uma olhada nos remendos do asfalto.
São os famigerados puxadinhos, invasões, quiosques, praças sem cuidados e abandonadas, calçadas, as poucas que existem estão em péssimas condições ou foram totalmente ocupadas por comerciantes inescrupulosos que nos obrigam a andar no meio da rua, muitas não resistiram ao abandono que foram deixadas durante os anos que passaram.
Por favor não me falem em falta de recursos, não brinquem com nossa inteligência, por favor nos poupem.
Não digam que estão tentando melhorar, pois nem sinal de vontade de trabalhar para melhorar a cidade demonstram.
Paciência tem limites!
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