terça-feira, 15 de abril de 2025

BOATE AZUL

 



Muita gente acha que sou masoquista quando resolvo escrever sobre o cotidiano do Guara´, mas engam-se redondamente.
Aqui tudo é motivo de festa, até reforma de campo sintético atrai uma caravana de mãos macias, os famosos puxas sacos, cuja função é bater palmas para o nada, as vaquinhas de presépio agitam-se loucamente.
Com esse calor que parece que o Guará está no meio do deserto de Saara, uma vontade de tomar uma gelada o suor escorrendo pelo corpo sempre bate aquela preguiça, perde-se a vontade de sair e a única coisa que permanece é aquela vontade de ficar por ali mesmo, com o ventilador ligado sentado na frente do computador jogando conversa fora com os amigos do Face.
A gente liga a Tv dá de cara com os crimes mais nefastos, além dos praticados pelos nossos inúteis políticos, fica difícil de escolher.
Quando me preparava para cumprir esse ritual o telefone toca, não podia ser outra pessoa, o velho Caixa me convida pra dar uma chegada lá no templo da sujeira, o bom e velho Porcão pois já fazia um tempo que não sentávamos para jogar um papo fora, contar as novidades e tomar aquela cerveja gelada ouvindo os resmungos do Galak,o nosso gentil garçom que sempre tem um coice carinhoso aguardando a nossa chegada.
E agora com a proximidade da Páscoa, estava com umas orelhas de coelho, mas a nossa vontade era crucificá-lo ou pendurar em alguma árvore, fico cada vez mais com a certeza que o inferno não é tão longe daqui.
Apesar do gosto amargo de sangue que me vem à boca quando chego por lá, tentei desencanar e curtir a companhia do velho Caixa, que parecia estar com algumas novidades para contar.
Eu estava bem tranquilo,resolvi aceitar o convite, lá fomos nós cumprir aquele ritual macabro,digo macabro porque sair de casa para encarar o Porcão com aquele tempo, o mau humor do Galak,aquele cheiro de gordura que sempre perfuma o ambiente tem que estar muito afim de curtir um bom castigo.
O Caixa Preta estava inspirado, disse que tem gente querendo batizar a avenida central do Guará II de Boate Azul, pois a iluminação péssima lembra muito o famoso lupanar.
Me deu uma tristeza lascada, tive que concordar.

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