SELFIES

Cheguei mais cedo lá no Porcão, enquanto o Caixa Preta não aparecia passei a observar as pessoas em volta, sentadas em suas mesas.
Estranhamente pude sentir que nenhuma conversa rolava, todos com os olhos grudados no celular, esquecidos que a vida toda estava à sua volta, pareciam robôs hipnotizados.
A catinga de gordura vinha da cozinha, senti um pouco de falta de ar, aquela fumaça me tirava do sério, o Galak já tinha esbarrado na mesa umas três vezes, mas não conseguiu me tirar da letargia que me acometia.
Ainda estou pensando, que morte sem sentido essa do campeão mundial de jiu-jtsu,um idiota armado o matou, o mundo já não está tão tranquilo.
O gordo morreu, triste, mas um bocado de gente desnutrida também morreu, o mundo não ficou mais triste, o mundo atualmente está muito triste, o país continua em marcha lenta, quase parando.
Do nada surge o velho Caixa, muito risonho pronto para contar o que rola no nosso quadrado, cheio de novidades e principalmente as idiotices dos grupos de what’sApp, difícil de acreditar.
O cabra me contou que no último sábado deu a costumeira volta pela feira, nenhum candidato estava por lá, mas ainda encontrou com muita gente, onde teve oportunidade de captar o clima eleitoral.

Nos restaurantes lotados conseguiu descobrir a nova onda de dondocas e falsos ricos que frequentam aqueles locais.
Onde o que mais chamou a atenção foi uma deslumbrada tirando uma selfie coisa muito em voga entre deslumbrados e assemelhados, chamando a atenção das amigas enquanto fazia a tal selfie.
Dizia ela que estava no Vasto, restaurante da moda, mas a única coisa de vasto que o velho Caixa viu foi o imenso corredor da feira.
Estou rindo até agora, pois nada passa batido ao bom observador, meu amigo Caixa Preta.