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Passei o ano martelando o teclado, tentando escrever os textos que mando pro jornal para que cheguem e agradem a todos os leitores. Uma verdadeira loucura, ter que ouvir do meu amigo Caixa Preta, os casos mais cretinos, observações curiosas sobre o dia a dia em nossa cidade.
Mas tudo faz parte do nosso cotidiano, confesso que já me acostumei, o pessoal vive dizendo que sempre reclamo de tudo, claro que procuro me defender como posso.
Agora mesmo estou mais liso que mussum ensebado, meu equilíbrio orçamentário está muito abalado, mas se o Banco do Brasil não tem equilíbrio orçamentário, como é que um lascado como eu vai ter?
Estou lutando, já tenho uma ligeira impressão que sou um dos mais ricos do país, pois estou conseguindo chegar ao final do mês sem dever muito.
Pedi uma cerveja que estava meio morna, mas a sede era tanta e como eu queria era molhar a goela, a coisa desceu rasgando, aguentei o tranco não reclamei para não criar um clima e parecer mal - educado, afinal eu era novato na área.
Estava em terreno hostil, justamente no concorrente maior do Porcão, o não menos sujo Mil e Uma Moscas, desconfiei que me serviram metanol.
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O calor castigava, sentado lá no Porcão tomando uma gelada esperava a chegada do Caixa Preta, quem sabe talvez ele tenha alguma novidade pra contar.
De camiseta, onde os locais onde seriam os músculos apenas a barriga se destacava, o cabra era uma figura interessante, estava com cara de poucos amigos.
Sem querer me peguei rezando, pedindo aos céus que não pintasse algum clima entre ele eu Galak, as discussões deles são parte do folclore do nosso amado Porcão.
Parecia meio triste, na verdade estava nostálgico, algo sobre a infância ainda o abalava, perguntei sobre o assunto da semana, meio sem jeito resolveu contar sobre o que o incomodava.
Com um longo suspiro, o cabra começou a contar um fato acontecido na infância, mas que não foi esquecido entre tantos.
A mãe do velho Caixa estava muito atarefada, tinha acabado de limpar a casa estava no fogão preparando o jantar, pediu então para ele avisar ao pai que a janta estava pronta.
Depois de algum tempo resolveu perguntar se ele tinha conseguido falar com o pai, o Caixa falou que já tinha tentado mas quem sempre atendia era uma mulher.
Era a gota d’água que faltava, a véia foi à loucura com tamanha irresponsabilidade, ela se matando cuidando da casa e dos filhos, enquanto o cabra caia na gandaia.
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Evitando sair e dar de cara com o Caixa Preta indo direto pro Porcão ouvindo os casos que o cabra sempre tem pra contar, estava meio sem vontade nenhuma pra enfrentar essas coisas.
A mulher lembrou que Sadham parece nome de anjo, como testemunha tenho as marcas nas minhas pobres canelas, estava sem ração.
Fui em uma casa de ração, comprar um pacote de ração pro cachorro. Na fila, uma mulher atrás de mim, perguntou se eu tinha cachorros... Olhei bem pra ela
(quem me conhece pode imaginar meu olhar) e pensei: Por que estaria eu comprando aquele fardo 15 kgs de ração se não tivesse cachorro? Por impulso?
Então respirei e respondi delicadamente, que não, não tinha nenhum cachorro, mas a grande verdade é que, estava iniciando a dieta da ração novamente, pois da última vez havia perdido somente 10 kgs.
Tinha suspendido a tal dieta, disse até que tinha parado no hospital, apesar de ter seguido rigorosamente o que foi prescrito pelo veterinário.
Contei que a dieta era perfeita e simples: bastava encher os bolsos com ração e ir comendo sempre que sentisse fome.
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Fui dar uma volta lá no Mil e Uma Moscas, um concorrente do Porcão, o nosso amado templo da sujeira , pense num lugar lotado.
Lotado de moscas que faziam a festa quando chegava algum freguês, nesse caso era eu, sangue novo no pedaço.
Estava pensando no que o Caixa Preta tinha me contado sobre o Guará, sempre na vanguarda do atraso, parece que a onda agora vai ser estacionamento, achando que isso vai ser o grande sucesso do momento, só quem tem uma mente doentia apoia essa ideia de jerico.
Mas essa ideia idiota conta com o apoio das vaquinhas de presépio de plantão, que estão sempre a postos para aplaudir desde que lançadas pelos deuses da mobilidade.
Parece que a grande meta agora é encher o Guará de estacionamentos,nada de calçadas,nada de asfalto no interior das quadras,mas o seu estacionamento está garantido tudo feito a toque de caixa para agradar a alguns privilegiados, ou puxas sacos de plantão, coisa não rara por essas bandas
Perguntam, e o resto ? Bem o resto é o resto, fica para algum dia não muito próximo, talvez dia de São Nunca a tarde.
Esse clientelismo desbragado ainda vai custar muito caro ao Guará ,que está vendo a sua qualidade de vida sendo destruída apenas para atender aos chegados, sem o mínimo de planejamento ou real necessidade de tais equipamentos públicos.
Realmente os nossos juízes e promotores são na sua maioria garantistas, garantem a aplicação da pena conforme o que prescreve a lei e não o desejo do cidadão revoltado, que se sente cada dia menos protegido pelo Estado, que não cumpre muitas vezes sequer com as simples atribuições que são de sua alçada.
Muito se fala em abrandamento de penas, mas pouco se fala como evitar que o delito aconteça, principalmente no tocante às drogas, onde não se conhece um programa de governo para o enfrentamento dessa praga que ataca os nossos jovens e muitos cidadãos adultos.
Acho que tudo isso tem a ver com a frouxidão das autoridades no que concerne ao combate , fiscalização no consumo e tráfico de drogas.
Muito pior do que as drogas ilícitas, são as chamadas drogas sociais, bebidas alcoólicas em geral que quase não sofrem repressão sistemática das autoridades responsáveis em coibir a venda para menores de idade e o que vemos, é adolescentes alcoolizados principalmente nos finais de semanas, onde as baladas e noitadas regadas a muita bebida são uma constante.